Uma das primeiras coisas de que me lembro possuir, de dizer: “Isto aqui é meu”, foi o meu Super Nintendo.  Não me lembro exatamente quando eu o ganhei. Sou relativamente novo, se comparado aos tempos de ouro desse console – nasci em 1996 –  mas joguei sucessos como Top Gear, Tartarugas Ninjas, Megaman X, Sunset Riders, entre muitos outros e, sem a menor dúvida, o mais marcante de todos foi Super Mario World.

Confesso que, na época em que tive o Super Nintendo, e em que pouquíssimos tinham o Nintendo 64, não cheguei a zerar o Super Mario World completo. Eu não tinha capacidade de passar certas fases, e naquela época ainda não se usava a Internet para ver como se zerava um jogo de video-game. Com alguns amigos meus, consegui derrotar o Bowser, mas nunca havia passado por todos os noventa e seis caminhos. Me lembro até que uma vez um amigo levou a fita dele, onde ele estava na “fase 94”. Ele dizia: “Super Mario World é muito impossível de zerar CEM POR CENTO. Eu parei no NOVENTA E QUATRO”. Cara, nós não sabíamos nem quantas fases o jogo tinha!

O meu era o Super Mario World original, e meu primeiro Super Nintendo foi o modelo mais antigo. Acontece que aquele quebrou, e eu não podia ficar sem o SNES. Meu pai logo comprou outro, que era o modelo novo (com um botão redondo de Reset e um que você arrastava para ligar). Esse daí eu guardei, assim como guardei todas as minhas fitas. Guardei, e deixei eles parados em minha casa.

O tempo passou, e acabei recebendo a notícia de que iria me mudar. Mudaríamos para um cidade bem longe, e minha mãe não queria vender a casa, então a deixamos para meus avós. Eu não sei o porquê até hoje, mas nessa mudança eu não levei o Super Nintendo. Não sei se me esqueci, mas apenas levei uma fita – Bomber Man 3 – e deixei o console com as outras fitas para trás.

Nesse tempo eu havia passado por várias gerações de games, e fui me atualizando, sempre buscando os novos. Até que um dia surgiu a oportunidade de voltar para minha cidade. Eu topei na hora. Voltei, e a primeira coisa que fiz foi ir até a casa de meus avós para buscar por relíquias da infância. E, claro, a primeira coisa que procurei foi o Super Nintendo. Estava lá, com todas as fitas e controles, os cabos de instalação, perfeito. Guardei numa caixa e o levei para minha casa.

Deixei o Super Nintendo do lado de uma TV que eu uso só para jogar video-game, e num dia quando eu quis jogar, eu estava decidido: “Vou zerar o Super Mario, completinho”. Ah, foi um momento trágico de minha vida. Quando fui pegar a fita, eu não a achava. Procurei em todo lugar. Eu podia jurar que eu tinha trazido com o SNES, mas eu não consegui achar o Super Mario. Isso não podia ficar assim. Fui até o camelódromo da cidade, comecei a fazer ofertas para amigos, mas eu precisava do jogo. Não consegui. Até que eu decidi comprar pelo Mercado Livre. Comprei, a fita chegou, era produzida no Brasil, na Zona Franca de Manaus, então ela é um pouco diferentes das que eu tinha, mas creio ser original. Me lembro que foi no Natal, e foi o melhor presente que já comprei para mim mesmo.

Em dois dias jogando pouco, zerei o Super Mario World. Me senti ÓTIMO. Zerei, e um dia meu irmão estava jogando, deu tilt, e quando resetamos, havia perdido tudo. Sumiram minhas 96 estradinhas. Não foi problema algum, eu zerei novamente, com todo o prazer. Semana passada, aconteceu o mesmo: tilt, e perdi meus perfis de jogos salvos. Estou louco para zerá-lo novamente.<

Vou zerar quantas vezes for preciso. Afinal, eu tenho 99 vidas.
Abraços.”

Victor Dantas
Marilia/SP

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