“Ouvindo as suas histórias de infância no 99vidas, principalmente com relação aos presentes dos pais em datas comemorativas, me lembrei de um fato triste que aconteceu comigo. Apesar de, na época não dar importância ao fato de, não entender o impacto que poderia ocasionar. Bom, muito drama para pouca história, então vamos lá.
Minha infância e a de meu irmão sempre foi simples, como a de vocês, e receber presentes e brinquedos não era fácil, portanto, sempre fomos educados a preservar o que ganhávamos. Mas tínhamos um belo costume de ir ao Shopping Aricanduva (quem mora em São Paulo conhece) quase que todos os fins de semana para almoçar, e de vez em nunca comprar alguma coisa, mas a atração maior mesmo era o almoço na praça de alimentação. Uma grande atração para as crianças na época era uma loja imensa de brinquedos que ficava acima da praça de alimentação, com duas rampas laterais de acesso. Sempre comíamos rápido para ficarmos na loja por um tempo, enquanto nossos pais ficavam na mesa.
Num desses dias, meu pai disse o seguinte: “Hoje vocês podem escolher o que vocês quiserem. Cada um pode gastar até R$100,00”. Imagina a loucura que foi, dois garotos de 7 e 9 anos podendo escolher qualquer coisa. Pegamos vários bonecos do comandos em ação, Batman articulado, com várias peças adicionais (agora que lembro deles, vejo que eram os oficiais do desenho Batman Animation, então imagina a qualidade), carrinhos, jogo de botão, jogos de tabuleiro, como o War e Banco Imobiliário, etc. Saímos com aquela sacola imensa, que mal dá para carregar, que arrasta no chão, saca? Então, saímos da loja felizes da vida.
No caminho de volta, numa dessas lojas pequenas de eletrônicos, meu pai vira para a vitrine e diz: “Olha, se não tivéssemos comprado os brinquedos, olha o que dava para comprar!” E apontou para a vitrine. Imagina o que estava vendendo? Um Nintendinho… E por quanto? Isso mesmo, R$200.00. Para ajudar, já vinha o Super Mario Bros 3. Na época, era moda o SNES, então o Nintendinho estava barato.Tanto meu irmão quanto eu ficamos chocados, e por um segundo, aquela sacola imensa de bonecos caros não parecia nada. Mas vocês sabem como criança é, foi só abrir a caixa dos comandos em ação que esse episódio foi esquecido.
Hoje percebo que, por um lado foi triste não ter conhecido o NES. Nunca joguei nenhum jogo dele, e mesmo com diversos emuladores, não consigo despertar o interesse de jogá-los. Sempre fui atrasado com relação aos vídeo-games. Quando todos tinham o Play 1, nos contentávamos com o SNES. Só depois de começar a trabalhar, consegui me atualizar nos jogos e ficar realmente viciado. Na minha infância, vídeo-game era um luxo, melhor, um sonho que hoje pude realizar.
Uma história rápida: Ao ouvir o 99vidas #22 de Chrono Trigger, lembrei de uma coisa. Estava jogando de noite, por volta da meia-noite, quando começa a luta contra o Magus. Aquelas tochas se acendendo aos poucos, até revelar o vilão. Meu quarto todo escuro, só com a iluminação da TV de 16″, meu irmão dormindo na beliche de baixo e eu sentado na cama de cima, tenso com o início da batalha. Por sorte, me preparei com vários itens e apesar do dano de área dele quase matar meus personagens, estava conseguindo permanecer vivo. Estava usando a seguinte estratégia: Se ele ataca com fogo, ataco com água e os demais personagens dou Buff e recupero HP. Se ataca com Água, vou de Eletricidade, e assim por diante. Depois de mais de 30min, não aguentava mais e reparei que toda vez que ele atacava, uma mensagem aparecia. Sem saber falar inglês, recorri ao meu irmão mais novo que sempre foi mais inteligente que eu. O acordei e ele simplesmente me fala: “Seu burro, tá escrito assim: Magus atacou com fogo, ele esta fraco contra fogo.” Fiquei puto e desliguei. Já tinha gasto muitos itens e não queria perder. No dia seguinte, a batalha durou muito mais rápido com a estratégia certa.
Abraço a todos e continuem com o excelente programa. Vocês me fizeram investir 10 dólares no Chrono Trigger do PSone na PSN. Valeu!
Até!
Danilo Camargo“
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